Não se você pensar que muitas vezes viajamos para lugares somente para conhecer os seus museus e saber mais sobre a sua História e entender melhor o nosso Mundo. Além disso, quem me conhece sabe que tenho grande paixão pelos assuntos relacionados a História, Economia e Política. É neste contexto que faço a primeira publicação do blog na seção Viagem na História, visando diversificar ainda mais o conteúdo do blog.
Atualmente, estamos vivenciando desde 2008 uma grande crise de alcance mundial. Ainda não se sabe até onde ela vai e quais serão suas consequências, mas é possível obter algumas pistas analisando as crises ao longo da história.
As crises parecem surgir para a humanidade em ciclos alternados de bonança e grandes depressões, com grandes impactos e mudanças relevantes no curso da História. Em tempos de bonança, o ser humano tende a crer que "Desta vez vai ser diferente" ou "Isso nunca vai acontecer novamente", porém, o que se nota são repetições dos mesmos erros e uma grande dificuldade do homem em pensar a longo prazo, se importando apenas com lucros imediatos e destruindo a economia ao fim de cada ciclo.
Neste texto, serão citadas resumidamente algumas das principais Crises Econômicas da História em ordem cronológica, seus impactos e consequências, e em seguida será construído um paralelo com a crise atual e uma reflexão sobre o que pode acontecer.
Tulipamania (1637)
Esta foi a primeira bolha especulativa da história e talvez a mais estúpida.
As tulipas foram introduzidas na Holanda, durante a sua era de ouro, no século XVII. Famosas por sua beleza exótica, as tulipas começaram a ser cobiçadas e se tornaram artigo de luxo e de status social. Com a alta demanda, os preços das tulipas cresceram em ritmo alucinante.
A partir da década de 1620, existia a confiança de que no ano seguinte as tulipas sempre seriam mais caras que no ano anterior (e, de fato, eram). Muitas pessoas começaram a investir no negócio, vendendo suas propriedades para lucrar com a especulação de tulipas. Com a falta de tulipas disponíveis no mercado, elas começaram a ser negociadas em mercados futuros na bolsa de valores de Amsterdã, ou seja, as pessoas começaram a comprar tulipas de uma próxima colheita, que nem haviam sido plantadas ainda (qualquer semelhança com a especulação na bolsa de valores não é mera coincidência). As pessoas pagavam preços surreais por uma tulipa, porque elas tinham a certeza de que poderiam vender ainda mais caro no futuro e lucrar com isso. No auge da tulipamania, cada tulipa chegou a valer o preço de uma casa em Amsterdã.
O problema é que quando o valor de algo é sustentado apenas por especulação, e não pelo seu valor real, a bolha estoura. E foi o que aconteceu.
Quando as pessoas se tocaram de que as tulipas não valiam aquilo tudo, os preços despencaram vertiginosamente, levando milhares de bancos, empresas e pessoas à falência, provocando uma enorme crise na Holanda que afetou também boa parte da Europa.
Companhia do Mississipi (1720)
O longo reinado de Luís XIV, o rei Sol, e diversas guerras, levaram à bancarrota a monarquia francesa. Em lugar de reduzir gastos da família real, o atual rei Luís XV endossou as teorias monetárias do economista escocês John Law.
Em 1716, o John Law fundou o Banque Générale Privée na França, que desenvolveu o uso do papel moeda. Mais tarde, em 1718, o banco se tornaria Banque Royale, o que significou que suas notas eram garantidas pelo rei Luís XV, tornando-se um emissor oficial de dinheiro do governo.
Em 1717, John Law comprou a Companhia do Mississipi, que operava no comércio com a América do Norte, especialmente a região da Luisiana, que hoje pertence aos Estados Unidos. Em seguida, a companhia se tornou Companhia do Ocidente, teve o seu capital aberto e obteve o monopólio de comércio, garantido pelo rei Luís XV.
Law exagerou sobre a riqueza de Luisiana com um esquema efetivo de marketing, que levou à especulação selvagem das ações da companhia em 1719. A popularidade das ações da companhia era tanta que eles necessitaram emitir mais notas do banco (pondo mais dinheiro em circulação), e quando as ações geraram lucros, seus investidores foram pagos em mais notas do banco. O excesso de liberdade do banco e a falta de intervenção e controle monetário do governo francês permitiram que o banco gerasse notas descontroladamente. À medida que o banco emitia mais notas, a França começou a sofrer de hiperinflação.
Em 1720, o banco e a companhia foram fundidas, e Law foi indicado por Filipe II, Duque d'Orleans, o regente de Luís XV, para ser o Controlador Geral das Finanças para atrair mais capital. O banco de Law, pioneiro na emissão de notas, prosperou até que o governo francês foi forçado a admitir que o volume de papel-moeda emitido pelo Banque Royale excedia o valor do montante de cunhagem em metal que ele possuía.
A bolha estourou no final de 1720, quando os oponentes do financista tentaram converter suas notas em moeda em massa, forçando o banco a suspender o pagamento de suas notas.
O estouro da bolha, que coincidiu com o estouro da bolha South Sea Bubble, na Inglaterra, gerou a maior crise da história da França, que levou quase toda sua população a viver em pobreza extrema por muitas décadas. A crise também afetou a maioria dos países da Europa, levando milhões de pessoas à situação de pobreza extrema e acabou culminando na Revolução Francesa, no final do século.
A Longa Depressão (1873-1896)
A Longa Depressão foi uma recessão econômica mundial, que começou com o Pânico de 1873 e se estendeu até o final do século, com uma sucessão de crises, como os pânicos de 1884, 1890, 1893 e 1896. Ela foi mais severa na Europa e Estados Unidos, que haviam experimentado um forte crescimento econômico nos anos anteriores, impulsionado pela Segunda Revolução Industrial.
Em 1871, a Prússia tinha acabado de se unificar, criando o império alemão. As novas leis liberais do recém-criado império deram ímpeto à criação de diversas empresas, como o Deutsche Bank, e a incorporação de outras empresas já consolidadas. A euforia provocada pela vitória sobre os franceses, na guerra Franco-Prussiana, e o grande fluxo de capitais vindos da indenização de guerra paga pela França impulsionou especulação na bolsa de valores nos setores de estradas de ferro, fábricas e indústria naval, que iriam criar a infraestrutura necessária para o país recém-formado.
Ao mesmo tempo, a Alemanha começou a parar de cunhar moedas de prata, tornando sua moeda completamente aderente ao padrão ouro. A Alemanha foi seguida pelos EUA, e mais tarde por outros países da Europa. Esse processo causou uma desvalorização sem precedentes da prata no mercado mundial.
O fim da Guerra Civil nos EUA foi seguido de um boom na construção de estradas de ferro, em que foram construídos 53.000 km de linhas de trem entre 1868 e 1873, o que envolveu gigantes quantias de dinheiro e risco. A indústria ligada aos transportes ferroviários se tornou a maior empregadora do país, à frente da agricultura. A grande injeção de dinheiro vinda de especuladores causou um crescimento anormal na indústria, assim como uma sobrecarga nos portos e fábricas.
A crença de grandes investidores, incluindo bancos, de que mais dinheiro entraria para suprir a demanda da indústria de estradas de ferro manteve a especulação por anos. O problema é que não havia tanto dinheiro quanto se imaginava. O dinheiro parou de entrar, e os mercados entraram em colapso. A Bolsa de Nova York parou por 10 dias. Nos EUA, mais de 18.000 empresas, incluindo companhias de trem e bancos, foram à falência, levando com eles até o primeiro e maior banco dos EUA na época, o Jay Cooke & Company.
Processo semelhante aconteceu na Europa, levando ao colapso em 1873 a Bolsa de Viena, do rico e poderoso Império Austro-Húngaro, que também afetou profundamente a Alemanha, Inglaterra e por consequência, o resto da Europa.
Era necessário culpar alguém, e como consequência, ideias anti-semitas emergiram na Alemanha e Áustria. Investidores culparam os judeus por suas perdas gigantescas. A longa depressão teve como consequência o fim do modelo de liberalismo econômico clássico e a ascensão do nacionalismo exacerbado, imperialismo e anti-semitismo pela Europa.
As reações extremistas à crise, como o imperialismo, e a necessidade de se recuperarem a qualquer custo, acabaram levando a Europa a iniciar, anos mais tarde, a Primeira Guerra Mundial. A falência do modelo econômico anterior também fez com que alguns países buscassem modelos econômicos no extremo oposto, como o Comunismo, que acabou gerando a Revolução Soviética durante a Primeira Guerra.
A Longa Depressão também foi responsável por uma grande emigração na Europa. Foi nessa época que muitos alemães e italianos fugiram da crise indo para países menos afetados, como o Brasil.
Crash de Wall Street e A Grande Depressão (1929)
O Crash da Bolsa de Valores de Nova York, naquela quinta-feira negra em 1929 (seguida da terça-feira negra, na semana seguinte), iniciou a mais famosa crise, e talvez também a mais devastadora da história, que se arrastou por toda a década de 1930 e terminou somente após a Segunda Guerra Mundial.
Após a Primeira Guerra Mundial, os países europeus estavam arruinados. Com a queda de produção, estes países foram obrigados a importar em grandes quantidades para se reerguerem. Os Estados Unidos aproveitaram o aumento da demanda para expandirem sua indústria a um nível recorde até então. E cresceram sem parar entre 1918 e 1928. Foi um dos períodos mais prósperos da História dos EUA, quando surgiu o termo "American way of life".
Esse período próspero levou diversos americanos a investirem pesado em ações na bolsa de valores. Muitos venderam bens ou tomaram dinheiro emprestado para investir. Mais de 8,5 bilhões de dólares foram emprestados, isso era mais da metade de todo o dinheiro em circulação nos EUA. Os preços das ações estavam subindo e incentivando mais pessoas a investirem, criando uma bolha especulativa.
Com o tempo a Europa foi se recuperando economicamente e reduzindo as importações vindas dos EUA. A produção nos EUA não parava de crescer, enquanto a demanda era cada vez menor. Com uma oferta muito maior que a demanda, os preços das mercadorias começaram cair e o desemprego a aumentar, até que em 24 de outubro de 1929, na quinta-feira negra, a Bolsa teve sua primeira grande queda, sinalizando o que estava por vir. Finalmente, em 29 de outubro de 1929, a terça-feira negra, a Bolsa de Nova York entrou em colapso e despencou de vez.
Além dos EUA, países como a Alemanha, Itália, França, Reino Unido, Austrália e Canadá foram duramente atingidos pela Grande Depressão, que acabou afetando o mundo inteiro. Entre 1929 e 1932, o PIB mundial chegou a cair 15%, levando milhões de pessoas ao desemprego e à miséria.
Como sempre acontece nas crises, pensamentos extremistas apareceram outra vez. O nacionalismo exacerbado, imperialismo e anti-semitismo voltaram a crescer na Europa. Em alguns países, a Grande Depressão foi um dos fatores primários que ajudaram a ascensão de regimes ditatoriais radicais, como o Fascismo, comandados por Adolf Hitler na Alemanha, e Benito Mussolini, na Itália.
Nos EUA, em 1933, o New Deal, conjunto de programas de intervenção do Estado ajudaram a minimizar os efeitos da crise. O New Deal consistia basicamente de:
- Investimento maciço em obras públicas (mesmo que isso significasse aumento da dívida pública a curto a prazo), gerando milhões de empregos.
- Destruição de estoques de gêneros agrícolas para conter a queda dos preços (nesta mesma época o Brasil fez o mesmo com o café, queimando milhões de toneladas do produto).
- Controle sobre os preços e a produção.
- Programas de ajuda social, como diminuição da jornada de trabalho (o que ajudou a abrir novos empregos), seguro-desemprego, seguro-aposentadoria e a implementação de um salário mínimo.
Do lado Europeu, tentaram culpar os judeus outra vez. Os regimes imperialistas de países como Alemanha, Áustria e Itália tentavam se recuperar da crise através de dominação, expansão territorial e militar e usaram também trabalho semi escravo realizado por judeus (que eram pagos bem abaixo do valor de mercado para trabalhar nas indústrias) e depois escravo, em campos de concentração, embora as razões para isto tenham sido mais por anti-semitismo que para alavancar a economia.
Essas reações extremistas à crise acabaram resultando na Segunda Guerra Mundial, que deixou mais de 70 milhões de mortos ao redor do Mundo e deixou a Europa arrasada.
A Grande Recessão (2008 - Atualmente)
A recessão atual se iniciou nos EUA em 2008 com a crise do Subprime e a Bolha Imobiliária. A crise acabou gerando outras crises pelo mundo, como a crise dos bancos de países como Irlanda e Islândia e a crise da dívida pública de diversos países Europeus, como Grécia, Portugal, Itália e outros.
A partir do final dos anos 1990, os preços dos imóveis nos EUA começaram a disparar baseados em especulação, sem fundamentos sólidos. Muitas pessoas começaram a investir em imóveis, com aquela certeza de que sempre estaria mais caro no futuro e poderiam lucrar. Como na Tulipamania, lembram? O preço das casas em algumas regiões chegou a subir de 20% a 30% por ano, enquanto que a renda não crescia na mesma velocidade. Em 2007, existiam casebres nos EUA valendo o preço de uma mansão.
A bolha estourou quando os bancos revelaram ter estendido hipotecas lixo (Subprime) a pessoas sem condições de pagá-las, com a expectativa de que o preço dos imóveis seguisse subindo. Essas dívidas só eram honradas mediante sucessivas "rolagens", o que foi possível enquanto o preço dos imóveis permaneceu crescendo. Essa valorização contínua dos imóveis permitia aos mutuários obter novos empréstimos, sempre maiores, para liquidar os anteriores, em atraso, dando o mesmo imóvel como garantia. As hipotecas foram transformadas em títulos e vendidas nos mercados, o que gerou centenas de bilhões de dólares de prejuízo aos investidores quando as famílias não puderam mais pagar as hipotecas. O Lehman Brothers, maior banco de investimentos dos EUA, com mais de 150 anos de funcionamento, quebrou, arrastando consigo uma série de outros bancos nos EUA e fora dos EUA.
Após uma queda brusca em diversas bolsas de valores nos EUA e ao redor do mundo, a Europa começou a sentir. A Grécia foi obrigada a reconhecer que o déficit do país era muito superior ao revelado anteriormente, o que alterou o interesse nos mercados por seus bônus. União Europeia (UE) e FMI negociaram durante meses um programa de ajuda, enquanto os investidores continuaram castigando o país, retirando cada vez mais dinheiro. O pânico dos investidores contagiou o resto da Europa, e os mercados então começaram a duvidar da capacidade de outros países europeus de pagarem suas dívidas. Países como Portugal, Espanha, Irlanda e Itália, entre outros, entraram de vez na crise.
Os países emergentes, entre eles o Brasil, que prosperaram nos anos 2000 principalmente devido à alta das commodities e às exportações para a China, que crescia num ritmo alucinante, reduziram a desigualdade social e criaram um novo mercado consumidor entre a população mais pobre. Isso ajudou a não serem afetados num primeiro momento graças, entre outras coisas, ao consumo interno. Porém, a crise nos países desenvolvidos começou a afetar seriamente os preços das commodities, que despencaram, e muitos destes países entraram em crise também. O Brasil entrou definitivamente na crise a partir de 2014.
E Para Onde Vamos?
Eu fui morar na França pouco tempo depois do início da crise, mais precisamente em setembro de 2009. À medida em que a crise ia se aprofundando pela Europa, eu ia notando pessoas com ideias extremistas terem cada vez mais voz. Neste período, partidos fascistas ganharam força, ganhando inúmeras cadeiras em diversos parlamentos pela Europa. Assim como em crises anteriores, era necessário culpar alguém. Se na crise de 1929, os supostos culpados foram os Judeus, na Europa da atual crise os supostos culpados foram os imigrantes, principalmente árabes e muçulmanos.
Em 2012, a candidata a presidente Marine Le Pen, pelo Front National, partido conservador de ideias fascistas, xenófobas e ultra-nacionalista teve cerca de 20% dos votos. Ok, ela não venceu as eleições, mas para mim era chocante a ideia de que 1 em cada 5 franceses pensava daquela forma. É muito!
De lá para cá a coisa só veio piorando. Marine Le Pen tem chances reais de ganhar as próximas eleições na França, justamente num país que sempre teve um histórico progressista. Imagine nos outros?
Nos EUA, temos um Donald Trump com pensamentos também extremistas com chances de ganhar as eleições. E se ele ganhar? O que acontecerá depois? Que rumo o Mundo vai tomar? Me parece que o autoritarismo é mais provável que o diálogo.
O que notamos é que toda vez que temos uma crise financeira, as pessoas parecem perder o equilíbrio e a sensatez. Além do aumento de desemprego, redução da produção, fome, aumento da desigualdade, que são as consequências imediatas dos problemas econômicos, causados principalmente por falta de regulação pelos governos e irresponsabilidade de grandes investidores, bancos e outras empresas, também surgem elementos que têm mais a ver com a loucura humana e a necessidade de achar falsos culpados que com os problemas econômicos em si. Assim, surgem ideias polarizadas e extremistas, xenofobia, nacionalismo exacerbado, imperialismo, conflitos bélicos e outras aberrações que jamais poderíamos imaginar em tempos de bonança.
O Brasil, assim como qualquer outro país num mundo globalizado, também se contaminou. Por aqui, surgem pessoas que idolatram políticos como Bolsonaro ou religiosos fanáticos, discursos preconceituosos, intolerância e polarização. As pessoas começam a discutir os temas pela sua assinatura e não pelo seu conteúdo. Passa a ser mais importante saber se tal ideia é pró ou anti qualquer coisa do que refletir sobre o que ela nos traz. Mas isso não vem acontecendo somente no Brasil. O Brasil, como sempre, é um mero coadjuvante atingido por ondas provocadas em países desenvolvidos.
A loucura atual leva, por exemplo, pessoas a votarem num referendo pela saída da Grã Bretanha da União Europeia, e depois se arrependerem, ao verem a projeção de impacto negativo que isso vai causar à economia. Enquanto isso, crises em paralelo, como a dos refugiados ou o terrorismo do Estado Islâmico, começam a assolar o Mundo. E eu nem falei na possibilidade da China ser uma bolha... Já pensou quando ela parar de crescer?
Observando a História e os rumos desastrosos que o Mundo tomou em cada uma das grandes crises é difícil ficar otimista, não é? Se crises do passado tornaram possíveis as ascensões de extremistas como Hitler e Mussolini, a nova crise permitiu a ascensão de políticos como Donald Trump, Marine Le Pen e Bolsonaro (e tantos outros semelhantes mundo afora).
O que nos faz pensar que dessa vez será diferente? Será que não estamos deixando nos contaminar demais com estes pensamentos sem refletir a respeito deles, e esquecendo o que isto causou ao Mundo no passado?
A História está aí para nos ensinar a não repetirmos os mesmos erros, e o conhecimento nunca esteve tão acessível.
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O que me motivou a escrever esse texto foi a semelhança da crise atual com crises anteriores, a escassez de material em Português sobre o assunto e a curiosidade sobre como será nosso futuro, sabendo que pensamentos extremistas sempre surgem após grandes crises.
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Este foi o post de Número 100 do blog. E não poderia ser um post comum para comemorar essa marca =)
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Referências para quem quer se aprofundar mais:
[1] Galbraith, J. K. (1990), A Short History of Financial Euphoria, New York: Penguin Books, ISBN 0-670-85028-4
[2] Cassidy, J. (2011), Como os Mercados Quebram: A Lógica das Catástrofes Econômicas, ISBN 8580570425, 9788580570427
[3] Versignassi, A (2011). Crash - Uma breve história da economia - da Grécia Antiga ao Século XXI , ISBN 978-8580442595
[4] Coggiola. O. (2009), As grandes depressões (1873-1896 e 1929-1939): fundamentos econômicos, consequências geopolíticas e lições para o presente, ISBN 9788579390050
[5] MacKAY, C. (1841), Extraordinary Popular Delusions and the Madness of Crowds, ISBN 0-517-53919-5
[6] Beattie, A. (2009), "What burst the Mississippi Bubble?" on Investopedia.com
[7] Davies, R. and Davies, G. (1996), A Comparative Chronology of Money: Monetary History from Ancient Times to the Present Day: 1700–1749
[8] Barreyre, Nicolas (2011). The Politics of Economic Crises: The Panic of 1873, the End of Reconstruction, and the Realignment of American Politics
[9] Hauser, H., Maurain J. et Benaerls P.(1939), Du libéralisme à l'impérialisme, 1860-1878
[10] Garraty, J. A. (1986), The Great Depression
[11] Mian, A, Sufi, A, (2014). House of Debt. ISBN 978-0-226-08194-6
[12] Johnson, S, (2013). Three Unlearned Lessons From the Financial Crisis, Bloomberg.
[13] Krugman, P. (2009). The Return of Depression Economics and the Crisis of 2008. ISBN 978-0-393-07101-6.
[14] Matlock G. (2010). Peripheral euro zone government bond spreads widen. Reuters
[15] Brown M. Chambers A., How Europe's Governments have Entronized their debts, Euromoney
Yeah, mt bom o texto Antônio!
ResponderExcluirSobre tulipas... Hj o lastro do dinheiro do mundo é o ouro. Mas o que acontecerá quando percebermos que o ouro é algo tão bobo quanto tulipas? Se achamos os holandeses bestas por terem se deixado levar pela tulipa, o que não pensarão no futuro sobre os genocídios cometidos por causa do ouro?
Valeu o feedback Leonardo!
ExcluirNão podemos esquecer também do petróleo vinculados aos dólares: Os petrodólares. Quando outras formas de energia forem utilizadas tornando o petróleo obsoleto, isso pode causar um grande dano à economia também.
Parabéns pelo post, Tom! Tudo a ver com o blog! Quem viaja pode comparar realidades, comparar histórias. E muitas vezes se dá conta de que a história se repete (Marx dizia que "A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa").
ResponderExcluirParticularmente, imagino que a longo prazo essa crise e suas consequências podem criar uma sociedade melhor. A Europa unificada (até certo ponto) de hoje é consequência do pós-guerra. Da mesma forma que essa crise econômica, financeira, política, social, ambiental faz surgir Bolsonaros e Le-Pens, ela também faz surgir movimentos políticos como o Podemos (na Espanha), faz crescer empresas revolucionárias como a Tesla, faz crescer movimentos sociais como o dos estudantes secundaristas no Brasil, fortalece iniciativas empreendedoras que rompem com a lógica corrente, como tantas startups, bancos alternativos (Ethical banking) e Bitcoin.
O foda é que ainda vivemos a muito curto prazo com relação à imensidão da História... A História está a outra escala. Às vezes penso que a crise de 2008 e a de 1929 são a mesma crise. Se duvidar ambas começaram com as Tulipas. Se observarmos a História em uma escala mais ampla, talvez só encontremos crises com características diferentes há 1000, 4000 anos atrás. Mas talvez isso seja papo pra outro post :)
Tem razão Charles,
ExcluirMuitas vezes as crises no final acabam trazendo algo de bom, alguma evolução na humanidade. O problema é que a geração que acaba vivendo o período de crises/guerras muitas vezes acaba não conhecendo bem os resultados desse sofrimento. Será que a humanidade não consegue evoluir sem precisar ficar estourando essas bolhas que causam tanto sofrimento?
Que evolui, evolui :) Tanto que no último período "inter-crises" houve uma radical transformação tecnológica e social, principalmente na Europa e nos Estados Unidos.
ExcluirQuando falamos em evolução biológica, falamos em inovação. Mas também falamos em robustez. Evoluir pode ser entendido como ganhar algo novo sem perder o que já se tinha, ou minimizando essa perda.
Tenho certeza que na História passa a mesma coisa. Perdemos muito nas crises. E a partir do que conseguimos manter, temos que construir coisas novas, inovar. Nessa crise certamente será assim. O nosso desafio é lutar para não perder muito, para não perder o que consideramos essencial para a nossa sociedade. Para que quando a crise passe, possamos inovar a partir da melhor realidade possível.
Muito interessante o texto, Tom. Espero que desta crise atual resulte muito aprendizado para a sociedade humana, sem a necessidade de nova guerra mundial...
ResponderExcluirRafael Trece
Faltou a de 70 e a de 2000 q foi a bolha da internet.
ResponderExcluirUm fato interessante a ser considerado: As mesmas pessoas que provocaram as crises através de seus lucros acima da realidade econômica suportável, são as mesmas que lucram com a recuperação dos estragos causados nas economias dos países. Ou seja, para essas pessoas a estabilidade econômica não é lucrativa, eles vivem justamente das ocilações econômicas, assim como em menor escala, os pequenos investidores das bolsas de valores.
ResponderExcluirAs crises sejam em que época for sempre mostram que uns poucos ganham e muitos outros perdem.
ResponderExcluirTão atual que chega doer !
ResponderExcluirÓtimo post! Noto, entre muitos viajantes, uma certa "síndrome do vira-lata": a constatação de que tudo que vem de fora é melhor, simplesmente por ser estrangeiro. Curioso ver como gostamos da ideia de importar até tendências políticas e preconceitos...
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