Place de la République, a praça principal de Rennes |
Morei em Rennes por 1 ano, cidade onde fiz o meu Mestrado e comecei minha aventura pela Europa. Em Rennes também conheci pessoas incríveis de vários lugares que acrescentaram e acrescentam muito à minha vida.
Para mim é muito difícil falar sobre uma cidade que já morei. Ainda mais quando o período lá vivido tiver sido repleto de bons momentos, de aprendizado, de crescimento e de muita gratidão.
Há muito o que falar, e muitas doces lembranças vêm à mente. Fica difícil sintetizar tudo isso em um post curto e objetivo, que ajude os futuros viajantes/moradores a desfrutarem o que de melhor a cidade oferece sem ter que ler dezenas de parágrafos (o resto do tempo pode ser usado para beber). Além disso, fica o medo de que o post não esteja à altura dos momentos vividos por lá.
Rennes e a Bretanha ficam no noroeste da França, a cerca de 349 km de Paris.
Com o declínio do Império Romano sucessivas invasões ocorreram, e os Bretões acabaram expulsos pelos Anglos (por isso o nome Inglaterra - Terra dos Anglos). Ou seja, o nome Grã-Bretanha hoje não tem nada a ver com o povo que habita a Inglaterra, que são em maioria descendentes dos anglos (e outros povos), e não dos bretões.
Não tendo forças para resistir, os Bretões fugiram para a região noroeste da atual França, fazendo surgir a Bretanha (ou pequena Bretanha, em oposição à Grã Bretanha).
Neste tempo Rennes não era a sua capital, mas sim, Nantes.
A França desejava anexar o Ducado da Bretanha, o que provocou diversas guerras entre os dois no século XV. Sabendo da dificuldade de resistir a uma França militarmente superior, a Bretanha cede e acaba se reunindo e se separando da França através de sucessivos tratados e casamentos entre três reis da França e Ana da Bretanha e depois sua filha Cláudia. O tratado definitivo, de 1532, trata das regras de anexação, que possui alguns itens estranhos, como por exemplo, que a França não poderia cobrar pedágio para o deslocamento entre os feudos. Essa regra é válida até hoje e a Bretanha é a única região da França que não tem estradas privadas, que cobram pedágios.
A Bretanha tem uma língua própria, embora falada por poucos hoje em dia, principalmente após a Segunda Guerra Mundial. Lá, você verá placas que contam com indicações em bretão, além do francês.
É também a região onde surgiram os crepes e a cidra, bebida alcoólica feita de maçã.
Onde ficar
O ideal de Rennes é ficar em hotéis próximos à Place de la République, a praça mais importante da cidade. Rennes está bem localizada na Bretanha e pode servir de ponto de apoio para outros lugares da região. Você pode se hospedar em Rennes e partir para passeios de um dia para o Mont Saint-Michel, Saint Malo e a Cornualha.
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Seguro Viagem
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Viaje conectado
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O quê e onde comer
A Bretanha é a região onde surgiram os crepes e a cidra. Os crepes salgados são feitos com farinha preta, de trigo sarraceno, e são chamados de galettes. Os doces são feitos com massa de farinha de trigo comum e estes sim se chamam crepe, como conhecemos. Um lanche muito comum que você pode encontrar em vários lugares na rua é a galette saucisse, uma espécie de crepe enrolado num salsichão.
Um bom lugar para comer crepes é a Crêperie du Quais, que fica na Place de République. No centro antigo há ótimos restaurantes, para todos os gostos. As seguintes ruas são repletas de restaurantes, típicos e não típicos: Place des Lices, Rue de Penhoët, Rue de la Visitation e Rue Saint Malo. Lembre de sempre pedir uma boa cidra para acompanhar.
Onde sair
Se você perguntar a qualquer francês o que é Rue de la Soif (rua da sede em português) ele vai te dizer que é a rua que tem mais bares da cidade. Quase toda cidade francesa tem pelo menos uma. E foi em Rennes que essa tradição começou. Rennes possui a Rue de la Soif original. Uma rua medieval, para pedestres apenas, com construções em madeira, muito antigas e cheia, mas cheia de bares. É lá que você encontra a cerveja mais barata da cidade e é também um lugar muito agradável para tomar uma cerveja no meio da rua, principalmente na primavera e no verão. De toda forma, à medida que vai ficando tarde, a rua vai ficando meio degrada com a presença de muita gente bêbada e às vezes acontecem algumas brigas durante a madrugada. Ela é muita boa para começar a tarde ou a noite, mas depois é melhor procurar lugares melhores. De toda forma evite ir para esses outros lugares bêbado, pois os seguranças certamente vão barrar sua entrada.
No centro há muitos bares e discotecas legais para ir. Se você procura um lugar mais tranquilo, com dezenas de tipos de cervejas diferentes e sinuca para jogar, o Tiffany's pode ser o lugar ideal. Mais perto do centro tem também o bar Ty Anna Tavarn, uma taverna em estilo medieval. Na Place de Lices também tem um bar bem espaçoso e bacana, Le Kenland. E na Place de Bretagne tem o ótimo pub irlandês O'Connell's.
Em Rennes há dois tipos de discotecas basicamente: As que se chamam Bar de Nuit costumam ser gratuitas e fecham às 3h. As que se chamam Boîte de Nuit, normalmente são pagas e fecham somente às 5h da manhã. Algumas dessas discotecas gratuitas e muito boas são a Contrescarpe, La Place, La Banque e L'Hacienda. Entre os pagos os melhores são Delicatessen, Le Pym's, L'Espace e La Suite. Na maioria desse tipo de lugar na França, os seguranças são muito chatos para deixarem entrar. Evite chegar muito tarde, bêbado ou em grupos grandes, principalmente se forem só homens (quebre em grupos menores e entrem um grupo por vez) e esteja sempre bem arrumado (nunca use tênis).
Se você está com saudade da música e cultura brasileira, tem um bar chamado Boteco, mais brasileiro impossível.
Se você procura algo mais tranquilo, como um cineminha, o Gaumont é uma ótima opção opção. Para fazer compras, a Rue Le Bastard está cheia de lojas, e tem também o Shopping Colombia, pertinho do cinema.
Rue de la Soif |
Festival Yaouank
O Festival Yaouank (jovem em bretão) é um festival de músicas bretãs que ocorre todos os anos em Rennes para valorizar a cultura bretã. O festival costuma ocorrer em novembro e é uma festa única. Lá, você assistirá a bandas de todos os estilos, mas sempre cantando em bretão.
Em alguns momentos do festival todas as pessoas se juntam (mesmo sem se conhecerem) para dançar o típico fest-noz.
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O que visitar
Com um longo dia em Rennes você pode conseguir conhecer todos os principais pontos turísticos do centro antigo da cidade. De qualquer forma, vale a pena se hospedar por vários dias em Rennes, fazendo a cidade de base para conhecer outras cidades próximas muito bacanas.
Porte Mordelaise
É uma antiga porta de entrada da cidade, vestígio de uma série de muralhas (chamadas Remparts de Rennes) construídas entre os séculos III e XV. A muralha começou a ser construída ainda sob o domínio do Império Romano e próximo a essa porta também é possível encontrar restos de construções romanas. Frequentemente nessa região, ao fazerem obras, são encontrados restos arqueológicos romanos, que acabam por interditar a obra. É possível encontrar alguns caminhando pelas antigas ruas.
Porte Mordelaise |
Parte de trás da Porte Mordelaise |
Catedral Saint-Pierre de Rennes
A História dessa linda catedral começa no século VI, antes mesmo da chegada dos bretões a Rennes. No século XII a antiga catedral foi completamente destruída para dar lugar a uma nova e grandiosa catedral no estilo gótico. No entanto, em 1490 parte da sua fachada tomba. Começa então uma reconstrução que dura 163 anos que dá lugar a uma fachada de granito no estilo clássico como conhecemos hoje.
Catedral Saint-Pierre de Rennes |
Place du Champ Jacquet e a estátua de Jean Leperdit
A praça, rodeada de construções medievais tem no seu centro uma estátua de Jean Leperdit e é de onde parte uma rua com seu nome. Em 1793, Jean Leperdit foi membro do comitê de segurança da cidade, encarregado de receber listas de suspeitos e entregar mandatos de prisão e de pena de morte. Ele ficou conhecido por se opor ao governo central e rasgar uma lista de condenados à guilhotina por não concordar com ela. A famosa estátua representa justamente esta ação. No ano seguinte ele acabou sendo eleito prefeito da cidade. Apesar de ser um revolucionário nato, durante a sua administração ele encarna um papel mais moderado.
Place du Champ Jacquet com a estátua de Jean Leperdit rasgando a famosa lista de condenados |
Place de la Mairie
Mairie em francês significa prefeitura. Nesta praça estão a prefeitura e do outro lado a Opera. É interessante notar que as duas construções foram feitas para se "encaixarem", o que pode ser notado facilmente observando pelo Google Maps. Durante o mês de dezembro a prefeitura se transforma numa grande tela de projeção onde são exibidas animações fantásticas que interagem com a arquitetura.
Place de la Mairie vista de cima |
Mairie de Rennes |
Opéra de Rennes |
Place du Parlement de Bretagne
Uma das praças mais identificadas com a cultura bretã. É nela que está o o Palácio do Parlamento da Bretanha (Palais du Parlement de Bretagne), onde funcionou o parlamento da bretanha até a sua dissolução pela revolução francesa em 1790. Desde então ali funciona a corte de apelação de Rennes.
Palais du Parlement de Bretagne |
Place de la République
A praça mais importante de Rennes. Ela fica bem no centro de Rennes, e por onde passam praticamente todas as linhas de ônibus da cidade, além do metrô.
Por falar em metrô, Rennes é a menor cidade do mundo a possuir um metrô. Nenhuma outra cidade de 200 mil habitantes tem metrô.
Na Praça também está o famoso Palácio do Comércio (Palais du Commerce).
Palais du Commerce |
Museu de Belas Artes (Musée des Beaux-Arts)
O museu mais famoso de Rennes abriga inúmeras obras de artes. O museu funciona no antigo palácio universitário.
Musée des Beaux-Arts |
Palais Saint-Georges
O lindo palácio onde antigamente funcionava uma abadia foi fundado pela abadessa Magdelaine de la Fayette, cujo nome está escrito na fachada do edifício. O palácio tem um belo jardim e hoje funcionam escritórios da administração municipal.
Palais Saint-Georges |
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Mont Saint-Michel - A lendária abadia fica na divisa da Bretanha com a Normandia.
Saint Malo - Cidade fortaleza, à beira do mar e pertinho do Mont Saint-Michel.
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Lille - A outra cidade que morei na França. E por ter morado, o post está bem completo.
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Que incrível! Especialmente pelo valor cultural e pelos crepes, haha. 😍❤
ResponderExcluirBlog da Sah | Instagram | Fan Page
Olá! Gostei muito do jeito que vc descreveu a cidade. está difícil encontrar blog completos assim ultimamente. Estou com uma duvida. Eu e meu marido vamos pra França em junho de 2019 voltando de Istambul. Pensamos em fazer Rennes nossa cidade base para irmos para o Mont Saint-Michel e conhecer as praias do dia D. Queríamos alugar um carro em Rennes. Vc já alugou? Sabe se tem muitos pedagios no caminho do Mont e das praias?
ResponderExcluirA rua q vc mostrou na foto como sendo a Rue de La Soif na verdade é a Rue de Saint Georges.
ResponderExcluirOi Lucia,
ExcluirNa verdade é a Rue de la Soif sim (Rue Saint-Michel). Dá para validar essa informação facilmente indo no Google Street View, acabei de fazer isso aqui para confirmar ;)
Abraço